sexta-feira, 23 de julho de 2010

O Homem sempre quis ser melhor que a natureza


PRIMEIRO PALHAÇO:
Eu tenho um segredo a contar.
Preciso contar algo.
Preciso demais contar a todos.
Eu vi a criação do homem.
Eu vi a criação de tudo.
O fogo crepitava alto.
Tudo era escuro e o vazio tomava conta de todos os lugares.
Mesmo os trovões não tinham voz.
Apenas luz.
Quando então Ele surgiu.
Nomeando a tudo e todos.
Rugindo seus leões pelos continentes.
Dizendo sempre a mesma frase:
“O espetáculo não pode parar!”.
Mesmo que as mulheres carpideiras cheguem.
Mesmo que tudo se torne escuro e sem vida. “O espetáculo não pode parar”
Aqui do alto do cruzeiro
Onde o vento faz a curva pra voltar com mais coragem
Vejo o sol tocando a ponta do pára-raio da cruz
A crina do cavalo estará suspensa.
O cordel do fogocrônico sucumbirá aos céus.
“E o espetáculo não pode parar”.

Antes do princípio
existiam as trevas da ignorância
e um grande escuro na mente
humana.

Mas o ser humano foi capaz.
Bastou um olhar de sedução
E dois corpos em união.
Luz e trevas interagiram.
Bocas em beijos se fundiram.
Os elementos se encontraram
para alimentar a vida.
O ser humano inventou o orgasmo.
Um pecado para Deus
que não copula.

O que faltava não era a vida
mas a vida reproduzida.
Conceber a vida era
reproduzir a eternidade,
Dogma e Segredo divinos inacessíveis.
Estava inventada a reprodução,
os trabalhos do homem
e o mundo.

Deus nunca perdoou tanto atrevimento.

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